Eu não nasci pensando: hum, acho que um dia vou morar na Suíça. Vou confessar um segredo, eu nunca nem pensei em passar por aqui, nem mesmo para fazer turismo. Vivia eu feliz e faceira no Rio de Janeiro, quando conheci quem viria a ser meu marido: um alemão que trabalhava em uma empresa suíça e que participava da construção de uma termelétrica em Duque de Caxias, no Rio.
E assim começou minha saga. Primeiro, vim no verão para conhecer. Depois voltei novamente no outro verão. E, depois de casada, vim mesmo para ficar, só que desta vez no inverno.
Eu sabia que não seria fácil. Teria que aprender a falar o alemão, a cozinhar, a cuidar de uma casa sozinha, sem a ajuda de uma faxineira, tudo de uma vez só. Mas com a ajuda e a paciência do marido, tirei de letra. Difícil mesmo foi viver longe da família, dos amigos, do sol, da cultura, afinal, da Liliana que eu conhecia.
Era tanta informação que eu me vi perdida. Sair assim da sua Terra, por mais esculhambada que ela seja, significa se abandonar no novo projeto e se reconstruir. Demorou a cair a ficha, mas em menos de um ano já me sentia adaptada.
Até voltar à cidade natal e descobrir que o meu corpo habitava um lugar e o coração o outro. Não tem nada a ver com felicidade, porque feliz a gente é em qualquer lugar onde haja dignidade. Falo de identificaão cultural, de espontaneidade, de raízes, sei lá.
Só sei que desde então, aceitei minha condição de estrangeira e venho tentando incorporar o que a Suíça tem de bom e contrabalançar com meu jeito carioca de ser. É um desafio e tanto. Na prática, significa fazer bolo de fubá com polenta da Itália, churrascão com música em baixo volume, o velho e bom quem não tem cão caça com gato. Ou seja, se adaptar ao novo cotidiano, sem esquecer minhas raízes. Bater no peito verde e amarelo, mas agradecer por estar aqui agora, e não precisar sair correndo de bala perdida na Linha Vermelha.
Vida Profissional:
Depois de anos trabalhando como jornalista em assessorias de comunicação no Rio, larguei tudo e vim. Vida profissional zero nos dois primeiros anos. Por isso, por sugestão do meu marido, decidi logo engravidar para aproveitar o momento, já que eu não estava trabalhando e já tinha virado os 30 anos.
Foi uma boa idéia na época. Dessa maneira, pude curtir a gravidez sem stress e ficar ainda com minha filha por quase um ano. Mas o tempo passou e eu não aguentei continuar dona de casa. Comecei a procurar emprego e rapidamente encontrei uma vaga interessante. Não era o emprego dos meus sonhos, não tinha a importância dos meus trabalhos anteriores no Brasil, mas era em uma grande empresa internacional aqui na Suíça. Uma ótima oportunidade para voltar ao mercado de trabalho. Espero ter tempo de, em breve, contar "causos" divertidos que acontecem no meu cotidiano nessa empresa.
Quer saber mais sobre a Suíça? Venha comigo nessa odisséia.
Sou jornalista, 37, mãe de um bebê e de uma menina de quatro anos, e mais que tudo, carioca apaixonada pelo Rio morando na Suíça desde 2005. Aí está o contrasenso, carioca da gema só quer morar mesmo é na Cidade Maravilhosa! Mas aconteceu, um belo dia tive que me mudar e já faz quase seis anos. Durante todo esse tempo, aprendi muito, ralei muito, mas também me diverti. Se você quiser saber um pouco mais sobre a vida aqui na Suíça, dê uma passeada no blog e tente se divertir um pouquinho com as esquisitices do povo do lado de cá. Mas vem cá, quem é mais estranho, o brasileiro, que morre sem dinheiro mas vive dançando, ou o Suíço, que tem 1 milhão guardado no banco, mas está sempre de cara feia?
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