Rio 40 graus
Cidade maravilha
Purgatório da beleza
E do caos...(2x)
Capital do sangue quente
Do Brasil
Capital do sangue quente
Do melhor e do pior
Do Brasil...(2x)
Cidade sangue quente
Maravilha mutante...
vias de ligação da Zona Sul e Norte da cidade
Voltei do Rio no dia 15 agosto após passar 40 dias dos meus 120 de licença maternidade. Nem preciso mencionar que tive ótimas férias, mas confesso que vivenciei algumas experiências dignas de serem comentadas. Fui acordada por duas madrugadas com barulho de metralhadora. Não que eu seja conhecedora de armas, mas como era taratarartararartararatrarattar contínuo, que não acabava nunca, imagino que seja uma semi automática. Bem, o fato é que eu tive pesadelos e achei que havia alguém descendo as escadas da casa da minha mãe.
Pior, achei que meu marido não fosse escutar o simpático ruído, já que no momento em que eu acordei, ele estava dormindo. Mas eis que no outro dia ele comenta o assunto. Conclusão: o tiroteio demorou a acabar, já que nós dois fomos acordados em horários diferentes.
Não gosto que ele saiba desses episódios de violência porque morro só de pensar na possibilidade de ele reclamar que eu vou ao Brasil com as crianças. Acho até que ele está no seu direito, afinal, ele é pai e alemão – o que significa não estar acostumado a tiroteios. O fato é que eu, escolada em Rio de Janeiro, não tenho medo quando estou sozinha. Mas quando coloco as crianças no carro, fico meio ansiosa, acho que na espreita, atenta a qualquer movimento suspeito ou som. Como minha mãe mora no subúrbio, eu tenho que atravessar a cidade frequentemente pela Linha Vermelha ou Avenida Brasil.
A minha estratégia de salvação era colocar minha mãe no banco de trás do carro com as crianças, entre as duas cadeirinhas. A pobre coitada viajava espremida, ciente de que a qualquer barulho de tiroteio, desatasse as crianças das cadeiras e colocasse no chão do carro. E, depois disso, claro, se a gente ainda sobrevivesse, ela se jogasse por cima. Ainda bem que minha mãe não é gorda, porque se não, as crianças morreriam de qualquer maneira: de bala perdida ou de esmagamento.
Graças ao bom Deus nada aconteceu. Mas não é que estava eu e meu marido no carro, às 23:30 a caminho do Galeão e, ao entrar na Linha Vermelha, na altura do Caju, quatro simpáticos traficantes nos dão o ar da graça. Tentando atravessar a Linha Vermelha, entre uma mureta e outra, eles se arriscam na frente dos carros para entrar na Favela do Caju. Eu sabia que eram traficantes simplesmente porque portavam uma metralhadora gigante. Só vejo armas assim tão grandes quando os policiais estão nos carros com aquelas metralhadoras que alcançam as janelas e têm os canos compridos para fora. Mais uma v ez nada aconteceu. Foi só um susto. Mas é muita emoção para apenas 40 dias. Eu não vivencio isso aqui na Suíça nem em dez anos.
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